segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

noite sem fim

Noite sem fim

O que dizer sobre uma noite que nunca mais acaba? Sobre vestir-se bem, subir no salto, rir com as amigas, pintar os olhos, passar perfume, e nunca mais voltar para casa?

Aprendi cedo sobre a vida ser como uma vela acesa, mas e quem não aprendeu? Quem nunca ouviu ou repetiu algo como 'a vida e só uma e você não conhece o amanha?'

Aprendi cedo sobre o hoje, mas segui me preocupando muito mais com o amanha, pois é assim que vivemos, pelo amanha. Não é errado, o amanha é esperança, é a crença que no abrir dos olhos começa tudo de novo.

Somos adeptos do ininterrupto, crentes da sagrada vida que não se finda e, mesmo que chatos na repetida frase “amanha eu não sei se estarei aqui” por fim acreditamos sim que o amanha exista.

O que aprendi notei precisaria ser assimilado, eu não poderia simplesmente fingir saber que o amanha não existe, então resolvi praticar. Tudo bem, algumas vezes dormi arrependido, mas percebi que o arrependimento por ter feito é mais leve do que o por não ter tentado. Percebi que atitudes que lhe façam parecer idiota, estupido e ser julgado são leves se comparadas a falta de atitude.

Beije como se fosse a última vez, diga coisas melosas como se fossem suas últimas palavras, abrace em tom de despedida e, se no dia seguinte você acordar faça tudo de novo.

Diga, repita, mas principalmente sinta que a vida é realmente só uma, que ela se finda na esquina de uma festa sem final feliz.

Vista sua melhor roupa, exagere no seu melhor perfume, fale de mais, ria por bobagens e antes de sair de casa para encontrar seus amigos não prometa voltar, diga apenas a quem lhe esperar: é um prazer dividir minha vida contigo.

Que partam em paz meus conterrâneos que infelizmente hoje não vão poder contar sobre suas aventuras na noite anterior.

E que essa imagem de alguns minutos antes da tragédia nos sirva para lembrar sim que a vida é uma vela acesa.
  Felipe Sandrin

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