terça-feira, 15 de outubro de 2013

Reis, Filósofos, Iluminados e Maçons Proeminentes

Buda

Desenvolvendo as Quatro Verdades Excelentes, partiu para a doutrina através do Vale do Ganges, dando início à sua pregação em Benares no Parque das Gazelas.
Durante quarenta anos pregou a sua doutrina e quando morreu, em avançada idade, deixou um ensinamento que perdura há vinte e seis séculos entre milhões de adeptos.
Buda é um termo que define o estado de consciência de quem alcançou o conhecimento total, e significa também, “sábio”, “iluminado” e “aquele que despertou”.
Os budistas admitem a existência de outros Budas passados e a possibilidade de surgirem novos, para o futuro.
O primeiro Buda é aquele que pregou a doutrina, ou seja: Samâsambuda, um Buda universal ou de compaixão. O segundo, “Paceka Buda”, é no conceito popular um “Buda Egoísta” assim denominado porque tendo atingido a liberação, passa ao “Nibâna” sem se preocupar com a salvação dos homens.
O número de “Pacekas” é ilimitado, mas nenhum pode ser comparado com Buda, o Senhor Gotama.
Buda, ao formular o dogma das Quatro Verdades assim o expressa: “A dor”; “a origem da dor”; “a destruição da dor”; “o caminho que conduz à destruição da dor”.
A Primeira Verdade ensina que o mundo é o reino do sofrimento; e a nobre verdade que conduz ao sofrimento é esta: a velhice é sofrimento; a doença é sofrimento; a morte é sofrimento; estar ligado ao que se detesta é sofrimento; estar separo do que ama é sofrimento; não realizar o que se deseja é sofrimento.
A Segunda Verdade demonstra a origem da dor; o desejo que nasce da ignorância. É o desejo que conduz de renascimento a renascimento, acompanhado da avidez, da sede de prazer, da sede da existência ou de impermanência.
Segue com a “produção continuada”, “a dependência das origens”, e o “encadeamento das causas e dos efeitos”, assim exposta: da ignorância surgem as formações, das formações surge o conhecimento, do conhecimento surgem os nomes e os corpos, isso é a essência e a substância da própria individualidade; dos nomes e dos corpos, surgem os “domínios”, isto é, os seis sentidos; dos domínios surge o contato; do contato surge a sensação; da sensação surge o desejo; do desejo surge o apego à existência, do apego à existência, surge a própria existência; da existência surge o nascimento; do nascimento surgem a velhice e a morte.
São esses os doze “Nidânas”.
A Terceira Verdade, aponta o meio de destruir a causa do desejo, ou mais claramente, a própria Dor, em si mesma, aniquilando e suprimindo a própria existência.
Essa supressão não se assemelha a um suicídio.
Ela significa a realização da “Nobre Libertação”, que significa poder o homem despedaçar as algemas que o prende ao circulo dos nascimentos, mortes e renascimentos sucessivos, origem de todas as misérias desta vida.
A possibilidade de tal realização está na Quarta Verdade, que é o Nobre Caminho das Oito Sendas: FÉ perfeita; VONTADE perfeita; PALAVRA perfeita; AÇÃO perfeita; MEIOS DE EXISTÊNCIA perfeitos; APLICAÇÃO perfeita; MEMÓRIA perfeita e MEDITAÇÃO perfeita.
Com a realização da Quarta Verdade, o homem nada mais precisa se libertar do terrível império da dor.
Se ele possui a FÉ perfeita não terá os horrores da incerteza; se ele tem a VERDADE perfeita não o alcançarão as misérias da fraqueza; se ele tem a PALAVRA perfeita, não molestará com a linguagem venenosa; se ele tem a AÇÃO perfeita, não ofenderá com o gesto inconsequente; se ele tem a PROFISSÃO perfeita, não perturbará a existência do próximo; se ele tem a APLICAÇÃO perfeita, colhera resultados perfeitos e se ele tem a MEDITAÇÃO perfeita, engendrará pensamentos puros.
A resultante da prática perfeita do Nobre Caminho das Oito Sendas, aniquila o “KARMA”; e aniquilando o Karma, extingui-se a Concepção; extinta a concepção, desaparecem o nome e a forma; extintos o nome e a forma não existem domínios; não havendo domínios, cessam os contatos; não havendo os contatos, não há desejos; não havendo desejos não há o apego à existência; não havendo apego à existência, não há razão para o nascimento; não havendo nascimento não haverá velhice nem morte.
Neste caso, “A Cadeia das Causas e dos Efeitos” estará rompida e o homem alcança a LIBERTAÇÃO, único objetivo do Budismo.
A doutrina de Buda, é antes de tudo, uma disciplina filosófica, e propriamente, uma religião.
Não admita que haja “interventores divinos” na vida do homem, embora a presença de Deus seja básica.
Enquanto vivo Buda, não existia uma religião budista, essa, surgiu após a sua morte.
A lei do Karma, era uma concepção muito antiga; Buda, deu-lhe forma humanitária; todo comportamento atual do homem, procede de uma vida anterior; este ciclo é permanente e infinito. Por tanto, não há um fim.
Assim, uma vida terrena curta, uma vida longa, um estado enfermiço, uma vida saudável, a pobreza, a abundância, um nascimento inferior ou elevado, a ignorância ou sabedoria, tudo, dependem de atos cometidos nas vidas precedentes.
A lei do Karma é vista como um deus que não escuta preces, mas que é sumamente justo. Os atos maus são imperdoáveis, eles devem ser reparados; uma boa ação adquire um grande valor.
“Mas quando recebemos o perdão e não reparamos o mal que por ventura tenhamos praticado, esse perdão, queima-nos a consciência como nos queima um ferro em brasa; é uma covardia desprezível para quem assim o aceita. E por isso, o Karma inexorável, exige de quem pratica o mal, a quem quer que seja, à pedra, ao animal, ao homem, às coisas inconscientes, a reparação absoluta, completa, integral, sem o que, o ofensor jamais deixará o “sansara odioso”.
É inquestionavelmente, o precursor da defesa ecológica.
A reparação de uma má ação, é o cumprimento de um dever, jamais, um ato de altruísmo.
Uma vez criada uma força, não se aniquila: é a lei do “encadeamento” indefinido. É o “Karma vipâka”, ação e fruto.
É a Cadeia de União Universal.
Uma pessoal, não passa de uma mera “reencarnação” viva das atividades passadas de ordem física ou psíquica.
A moral budista é o resultado do comportamento; o pecado é uma auto-ofensa, porque o homem, achando-se só é vigiado permanentemente, pelo Karma; o que fizer de bom, produzirá boas reações; o que for perverso, reverterá para si próprio o resultado.
“O mal que me fazes, não me faz mal; o bem que eu fizer, me faz bem; o mal que eu praticar, me fará mal.”
Diz um preceito budista: Dessas más ações por ti praticadas, não serão responsáveis nem teu pai, nem tua mãe, nem teus amigos, nem teus conselheiros; foste tu as que cometestes, serás tu quem colherás os frutos por elas produzidos.
Difere do judaísmo que promete castigo, às gerações futuras.
Aquele que praticar mal induzido por companheiro perverso, não terá responsabilidade dividida; certamente, o indutor, não escapará a essa contribuição; o praticante expiara o seu pecado no grau equivalente ao do mal produzido.
É o conceito atual do direito penal; há a figura da coautoria, mas cada agente, cumpre a sua própria pena, que, ao contrário, em vez de ser dividida por dois, é acrescida de uma terça parte.
“Qualquer que seja a causa do teu sofrimento, não molestes o teu irmão; por que se fores de encontro a uma árvore ou à rocha do caminho, crê antes na tua própria falta de equilíbrio, do que alguém que te haja empurrado. Se alguém te mandar vibrar uma pancada de encontro a um muro, com a tua própria mão, serão naturalmente os teus dedos que ficarão doloridos.
Se abusares da temperança, também não será o teu vizinho que sofrerá as consequências. Esta é a nota predominante da moral budista. Por todo lugar é lembrado o princípio da responsabilidade pessoal: nada de evitar a consequência nada de fugir às responsabilidades; nada de dividir as culpas de um pecado.
Por isso o budista não se queixa, não se lamenta, não se maldiz, não suplica, não reza, não faz orações. A quem? À impermanência das coisas? Ao Karna inexorável?
Quando ele se encontra em atroz contingência, sufocado pela angústia moral ou pela dor física, lembra-se do formoso “samana” dos Sakyas: Nosso Senhor o Buda, o reconhece não cumpriu as prescrições do NOBRE CAMINHO DAS OITO SENDAS: Fé, vontade, palavra, ação, meios de existência, memória e meditação pura. E então, exclama: “Damam saranam gacami” (Senhor eu me refugio na tua Lei).
É flagrante a diferença com o Cristianismo, quando o homem, abraçando-se a uma fé que lhe convém, pede perdão de suas faltas e, sem qualquer comprovação, mas porque lhe convém, “sente-se perdoado”, e então, inicia, outas séries de transgressões!
A prática da atual doutrina budista pode ser resumida na seguinte frase: “Assim como em uma casa, cujo teto está em perfeito estado, não penetra a chuva, no homem que medita não penetram as paixões”.
É a mesma máxima maçônica de “estar coberto” numa interpretação mais filosófica.
As meditações prescritas constituem em disciplina, iniciação na sua forma mais simples de aceitar e compreender as Quatro Verdades Excelentes, até o “Semâdi”, que é a meditação perfeita.
A meditação inicial consiste na profunda “reflexão” sobre a natureza das coisas.
A segunda meditação é a cultura da força de concentração mental.
Para meditar há uma preparação de exercícios da memória e a constância diária de devoção; o exercício da memória conduz à lembrança das reincarnações passadas.
A meditação conduz ao Nobre Caminho e interdita as seguintes ações: não matar, não roubar, não ter vida licenciosa, não mentir, não se embriagar nem usar narcóticos.
Com essas interdições são evitadas as seguintes transgressões: morte, roubo e luxuria; mentira, injuria, maledicência e tagarelice; cobiça, hipocrisia e negligência na mente.
Evitadas as transgressões, evitam-se os seguintes pecados: desejo, ódio, ignorância, vaidade, heresia, duvida, preguiça, arrogância, impudor e dureza de coração.
É de notar, que o não matar, não se limita ao ser humano, mas também aos demais reinos.
E há mais: purificação da mente e atração do corpo; purificação das sensações; purificação das inclinações; purificação dos fenômenos objetivos.
Esforço para evitar o ressurgimento; esforço para expulsar o egoísmo que surgiu; esforço para produzir a bondade que não existe; esforço para aumentar a bondade que porventura possa existir.
Exercício do intelecto; não deixar a Senda enquanto não conquistar o “Nibâna”; preservar a mente de pensamentos impuros; manter o desejo de investigações.
Manter os cinco poderes mentais: confiança, energia, vigilância da mente, concentração e aquisição de sabedoria.
Manter os cinco sentidos espirituais: preservação da fé, energia para combater a ignorância, vigilância mental, tranquilidade da mente e aquisição de conhecimento.
Obter os sete auxílios: purificação da faculdade de recordação, aumento de força de vontade, purificação da sabedoria, calma corporal e espiritual depois da extinção dos pecados, purificação da alegria, concentração do espírito, calma superior, desprendimento da mente para toda existência orgânica.
Destruir os dez laços: ideia errônea da permanência pessoal da alma; a dúvida sobre a existência passada e futura, eficácia das cerimônias e ritual, o desejo dos gozos sensuais. Inveja, ciúme e avareza; desejo de viver sobre as formas corpóreas; desejo de viver sem forma. Orgulho, intranquilidade e ignorância.



Livro: O Ápice da Pirâmide – Literatura Maçônica
Autor: Rizzardo da Camino
Editora Aurora
2ª edição


Por: Sílvia Andréia

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